quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Maringá, eu não vejo melhorar

  Neste fim de ano a prefeitura de Maringá exibe uma propaganda falando das melhorias na cidade, que foram construídas várias coisas, postos de saúde reformados e novos entregues, tudo sob o slogan: Maringá, a gente vê melhorar... ou algo assim.
  Mas o problema consiste justamente no fato de só vermos obras e mais obras, se bem que nem são tantas assim, se investe só naquilo que é bem visível, em prédios, estradas e afins, coisas que possam levar uma placa com o nome de diversos secretários, políticos e obviamente a gestão responsável por aquela bem feitoria.
  O mais curioso destas propagandas é que elas surgem, geralmente, em épocas próximas ao ano eleitoral- é pessoal! Ano que vem teremos eleições municipais, não se esqueçam deste pequeno detalhe, é preciso fazer campanha bem cedo, lembrar a todos as melhorias feitas na cidade por meio do dinheiro público antes que a lei eleitoral vete por conta da proximidade com a eleição.
  A prefeitura poderia se desculpar pelo que deixou de fazer também, seria justo, lembrar que faltam médicos, funcionários na área administrativa, lembrar que faltam enfermeiras, lembrar que equipes estão paradas por falta de condições de trabalho, enfim, isso obviamente seria suicídio e parece que a população não lembra do serviço imundo que recebe, mas lembra do prédio novo na esquina, também, é só isso que é lembrado pelas gestões governamentais.
  Quem conhece um pouco o que é e como funciona a estrutura municipal consegue perceber que Maringá não melhora tanto assim a cada ano, há muito a fazer, mas parece que os políticos não percebem e não conhecem direito sua própria cidade ou simplesmente fingem.

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Primeiras impressões

  Passaram-se duas semanas desde que comecei a trabalhar em um posto de saúde na cidade de Maringá, lido com burocracia, seres humanos necessitados e histórias, muitas histórias, algumas coisas logo se tornam evidentes neste pequeno lapso de tempo e outras se delinearão com mais tempo.
  O mais óbvio é o perfil econômico das pessoas que procuram a unidade de saúde básica gratuita, aquelas que têm poucos recursos e dependem exclusivamente do sistema público de saúde, embora apareçam, de vez em quando, pessoas com receitas particulares tentando conseguir medicamentos.
  Percebi que o coração viverá apertado, vendo situações de extrema urgência e não podendo fazer nada além de encaminhar a pessoa a um especialista ou para um exame que levará meses para ser realizado, a burocracia que era para ser tão eficiente atrapalha muito o bom andamento do sistema de saúde, uma palavra escrita errada ou um pequeno detalhe esquecido num papel pode custar muito caro a quem tanto precisa, sente-se o peso do que realmente é responsabilidade, algo que pode custar a saúde de alguém, embora para quem está habituado ao que se passa lá pareça tudo mais simples, não que eles não se importem, mas parece que já viram o suficiente para seguir em frente com tranquilidade.
  No meio de tudo que ocorre no posto de saúde, nestes primeiros dias, o que me chamou a atenção foi a grande quantidade de jovens grávidas dando entrada no pré-natal, fazendo consultas com o ginecologista por conta da gravidez ou acompanhamento pós-parto, grande quantidade de crianças levando suas crianças recém nascidas para acompanhamento com o pediatra, sem contar os exames de gravidez que pedem para que se veja no sistema o resultado, obviamente aflitas, chegam a comemorar quando o resultado é negativo.
  As mais diversas estatísticas negativas parecem se concentrar no mesmo lugar, casos que dão a noção da realidade e o choque com o que é observado, as estatísticas vistas na realidade e não numa planilha são muito mais preocupantes e apavorantes, pois envolvem seres humanos e não números, muitos sentimentos se misturam, mas a indignação e a revolta com a sociedade trágica que construímos são os mais presentes. 
  Em suma, muitas experiências vêm por aí, pelo jeito só confirmarão e darão maior noção do que é a podridão da sociedade que construímos, que não consegue atender os mais necessitados, que trava a possibilidade de cura de alguém por conta de uma vírgula fora do lugar, porque sai mais caro ou a licitação não saiu a pessoa terá que sofrer, não se atende alguém porque as vagas são limitadas, pessoas madrugam para conseguir uma simples consulta, enfim, são muitos casos, muitas histórias preocupantes onde as chances de um final feliz são pequenas ou ele só virá depois de um longo processo.
  

sábado, 10 de dezembro de 2011

Minha Dama

Ela não é física, mas é constante em minha vida
A gente vai e volta
No fim, ela sempre me acompanha
Parece o meu lado mais negro e sombrio (talvez porque o seja)
Não tem nome nem sobrenome
Mas eu a conheço bem
Faz parecer tudo perdido
Me inferniza
Mas representa parte do que sou
Do que fizeram comigo
Mas é tão compreensiva
Ela só me incentiva
Vive dizendo: vai em frente
E eu resisto
Lá se foram muitos anos
Nada parece mudar
Qualquer problema e ela logo está ao meu lado
Ó grande companheira
Não vai me abandonar
Continuamos a vida insana
Só mais um remédio que não vai funcionar
Mas eu pretendo ficar
Para minha dama
Aquela que sempre me acompanha
Feliz a delirar
E insiste em continuar a pairar no ar
Não revelo identidade
Seria crueldade
Em nada iria ajudar
Até breve minha querida
Nunca é uma despedida
Eu sei que estará lá
Mais um texto sobre ti
Cuja identidade levarei
Ninguém precisa compartilhar
Este foi para te fazer passar

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Quanta loucura!

  Certo dia, estava eu a folhear umas revistas, que momento lamentável aliás, pois eram revistas como a Veja e Isto É que estavam na sala, no meio de tantas propagandas e coisas desinteressantes havia uma reportagem que me chamou a atenção pelo lado cômico, ao menos eu achei isso. Enfim, era uma reportagem sobre novas profissões e uma das profissões era sobre pessoas que procuram a  cara-metade para clientes que as contratam.
  Na momento eu pensei: quanta loucura! E ri de trágico que isso me pareceu.
 Nunca pensei que existiria esse tipo profissão, a que ponto estamos chegando, não temos tempo de conhecer pessoas, segundo a reportagem, quem procura este tipo de serviço são pessoas que têm uma vida atarefada e sem tempo para nada, ou seja, eu diria que são pessoas sem tempo de viver.
  Isso me lembrou um monte de outras profissões que eu acho estranhas, como aquelas que ensinam etiqueta e de como se vestir, onde fica a espontaneidade, onde fica a vontade própria, possivelmente, na lata do lixo. Tudo bem que pessoas sobrevivem destas profissões, mas elas representam o ápice da coerção para que alguém se adeque às normas sociais e da pressão que as pessoas sentem para se enquadrar, só porque alguém falou que algo é certo não significa que é bom ou tem a ver com você.
  Mas não sei bem o que pensar disto, apenas fica a breve reflexão sobre profissões que fazem aquilo que mexe com o que é mais pessoal de cada um, sua vida amorosa, sua roupa, sua maneira de ser. Se todos procurassem um personal alguma coisa para fazer tudo, provavelmente o mundo seria mais chato, acho que é a única coisa certa, imagina todos esquadrinhados conforme a tendência da estação.

  

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Democracia representativa

  Quando caiu a ditadura, a maioria ficou feliz com a abertura política e a vinda da tão sonhada democracia representativa.
  Mas, será que a democracia não se tornou outro tipo de ditadura? Todos estão realmente representados no atual sistema político? Democracia só representa participação popular a cada dois anos no período eleitoral?
  A democracia nos livrou de uma repressão ditatorial, mas ainda assim, poucos continuam no poder, o atual sistema favorece a quem tem poder econômico e pode levar suas propostas a mais gente.
  Vemos sempre os mesmos ocupando cargos no poder político, tanto localmente quanto nacionalmente, é culpa do povo que vota? Penso que não, os mesmos permanecem no cenário político porque têm poder, têm recursos, aparecem na mídia e contam com bons parceiros na sociedade. Tais sujeitos sufocam as outras opções de voto, controlam o que está a seu alcance para se perpetuarem.
  Se tornou um lugar comum ouvirmos dizer que os políticos devem trabalhar para o bem geral, para o bem coletivo e não apenas para seus eleitores. Me parece que nem para seus eleitores os políticos trabalham, na verdade, agem de acordo com seus patrocinadores de campanha. Pessoas e instituições não financiam um político por bondade, por altruísmo, mas sim, porque esperam algum retorno, um benefício compensatório pela ajuda prestada. Desse modo, a política que era para ser pública, acaba se tornando uma balcão de negócios do meio privado, o interesse particular prevalece e parece que ninguém se importa com isso. 
  No fim, o que tudo indica, é que temos a democracia para poucos, para aqueles que conseguem e sabem utilizar o sistema defeituoso a seu favor, tornam o seu interesse em público, como se fosse de todos.
  Quando parece que algo é feito em benefício popular, muitas vezes esconde a ideia futura de um novo mandato e o prestígio necessário a seus fins. Talvez, um dia, o povo consiga aproveitar melhor tudo que envolve o enredo político.
  Por quanto tempo ainda teremos uma "pseudo-democracia"? Não tenho a resposta, não sou vidente ou algo do tipo, mas entendo que precisamos rever a política atual, não diria para chegarmos à perfeição, mas, ao menos deixá-la mais justa, mais aberta, realmente mais democrática e não apenas na ridícula aparência atual.  

domingo, 6 de novembro de 2011

Onde estão os grandes pensadores?

  Onde estão os grandes pensadores? Não aparecem mais sujeitos como Karl Marx, Rousseau, Weber, Durkheim, etc.
   Na área de ciências humanas parece que não surge nada de novo, só reproduzimos e "atualizamos" o que os grandes já elaboraram, muitas vezes é dito mais do mesmo, sem nada de inovador. Não temos mais grandes teorias sendo produzidas, tudo fica limitado a artigos, teses e dissertações que trazem algo restrito, bem circunscrito a um pequeno objeto. Obviamente, existem exigências da academia e uma lógica produtivista que não visa a qualidade, mas sim, a quantidade, a produção científica aumenta cada vez mais, mas isso não se reflete em algo que realmente contribua com o conhecimento, o debate e a reflexão.
  Sem contar que os humanos de hoje parecem mais medíocres na capacidade intelectual, o ensino está ampliado, mas tudo indica que pouco qualificado, temos gente saindo da escola sem saber ler ou interpretar um texto simples, se engana quem pensa que isso ocorre somente com jovens do ensino público, o privado apresenta o mesmo problema (algo que se verifica numa universidade que junta alunos de escolas públicas e particulares), formam gente sem capacidade de reflexão também. Foi ampliado o acesso ao estudo, mas isso não veio acompanhado de qualidade, não somos levados a pensar, mas sim, a decorar fórmulas e "técnicas" para passar no vestibular.
  A vida moderna parece atrapalhar e distrair cada vez mais as pessoas, não sobra muito tempo para estudar horas seguidas, é tanta coisa chegando, temos o mundo da internet com um monte de bobagens que não exigem muito do nosso cérebro, temos televisão nos alienando e passando fragmentos da realidade, enfim, parece que nada contribui para o melhoramento intelectual da humanidade.
  Me parece que regredimos na capacidade de pensamento, até onde o mundo moderno influencia isso? Eu não sei. O que realmente está acontecendo? Infelizmente, também não tenho a resposta, o que vejo e que me preocupa é um monte de gente incapaz de pensar e cada vez mais se condiciona a isso. 
  

domingo, 30 de outubro de 2011

Nem sempre foi assim

  Os estudos que a humanidade tem e o conhecimento acumulado até então, demonstram que nem sempre o mundo foi assim: dividido em classes, com propriedade privada dos meios de produção, com um Estado que constrange os desfavorecidos, com o lucro como objetivo último, ou seja, nem sempre existiu o sistema  capitalista e todas as suas desgraças.
  Existiram as sociedades "primitivas", por exemplo, além de outros modos de produção. A sociedade passou por muitas etapas até chegar onde estamos, se desenvolveram diversas formas históricas entre os homens, algumas com maior duração do que outras, é verdade, mas, que com o tempo foram ultrapassadas e/ou superadas. 
  Provavelmente, muitos morreram achando que a idade média seria a última forma da sociedade, não conseguiram ver algo para além disso, no entanto, a ordem burguesa conseguiu se instaurar e prevalecer, não só na Europa, mas no mundo inteiro.
  O modo de produção capitalista é só mais uma forma histórica da humanidade, não é uma organização social natural, não significa um ponto final na história, ao contrário do que falaram por aí, a história não acabou, ela continua bem viva e pulsante, basta observar o mundo na atualidade. A sociedade capitalista tem problemas e contradições que possibilitam sua superação, pode não ocorrer agora, pode demorar muito para que ocorra alguma transformação, mas é idiotice pensar que é o fim.
  Temos de desnaturalizar o capitalismo, ficar olhando para ele como se fosse insuperável é o que me parece utopia, significa não reconhecer o processo histórico que trouxe a humanidade até aqui, até os tempos que se apresentam de forma problemática, as reformas, claramente não solucionam as contradições do sistema e uma hora ele pode estourar.
  Nem sempre foi assim, onde chegamos não significa o fim e é possível chegarmos a um novo tipo de sociedade, basta olhar para o passado e para o presente, a história ainda está viva e caminhando.

sábado, 22 de outubro de 2011

Desumanização

  Ultimamente, tenho lido muito sobre economia política, me interesso pelo tema já faz um bom tempo. Mas algo me incomoda nas minhas leituras, é algo que não ocorre somente neste campo de estudo, em textos de sociologia ou antropologia também vejo isso ocorrer e em outros campos do Conhecimento. Enfim, do que diabos eu estou falando? Sobre como as análises falam de sistemas, fenômenos, problemas dos mais diversos e esquecem dos seres humanos que executam ou vivenciam tais situações, como se tudo estivesse descolado das ações humanas e se desenvolvesse de forma independente.
  Falamos sobre alguns temas com tamanha naturalidade que termos como capitalismo e sistema parecem resolver tudo,  é só ajustar um dali, outro daqui e tudo parece se resolver. Tenho a sensação de que alguns textos falam de acontecimentos em um plano superior, como se estivessem acima das pessoas e não dependessem nem um pouco de suas atitudes. Tenho ciência de que os termos facilitam a escrita para o escritor e a compreensão para  quem vai ler, mas insisto, não esqueçamos dos seres humanos no meio de tudo isso, pessoas com necessidades reais e que vivem uma vida real.
  O pior de tudo, são textos que discutem o ajuste da economia, o que fazer em um mundo em crise, como o governo deve se portar. Nas análises de direita, geralmente, eles esquecem dos pobres mortais, falam do sistema financeiro e econômico com tamanho distanciamento da vida cotidiana que me assusta, é só cortar assistência social e conter gastos do poder público que tudo se resolve, e onde ficam as pessoas que perderão o amparo? Como ficam aqueles que perderão o emprego para diminuir os custos? A questão que se coloca, não é  apenas resolver um déficit, ajustar tarifas, cortar gastos, mas como resolver crises e manter um mínimo de dignidade para as pessoas que têm necessidades, que precisam comer, ter onde morar, precisam de educação e saúde. Se não conseguimos resolver nossas pendências "sistemáticas" sem causar problemas sérios às pessoas envolvidas, então, temos um sistema totalmente irracional e desumano.
  Se pensamos a vida sem as pessoas nela inseridas, algo está errado, estamos desumanizando a vida, o que é algo terrível, pensamos em resolver os problemas do capital e não do próximo que está na rua, para salvar um banco sacrificamos milhares, reafirmo que algo está errado, precisamos de mudanças ou não sei onde vamos parar, certamente, não será um destino próspero.
  

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Participação política


 Faço parte daqueles que se interessam por política, e não é de hoje, vejo como essencial a toda pessoa ter preocupação com assuntos que dizem respeito ao público, ao que é coletivo, de interesse geral e do indivíduo mesmo, ainda mais quando a política influencia nossa vida de forma direta.
  Atualmente, percebo um grande desinteresse das pessoas por política, e quando falo em política não me refiro somente a institucional, naquela feita dentro do Estado e que envolve o voto, até mesmo a discussão sobre o tema parece cada vez mais frágil entre a população, preferem falar de tudo, menos sobre política. Sei que o tema não agrada a todos, que nem todos se interessam pelas mesmas coisas, mas considero que um mínimo de interesse é necessário, visto que um sujeito apático e alienado do que acontece ao seu redor será enganado mais facilmente.
  Todos se preocupam em seguir suas vidas, traçar seus planos profissionais ou de estudos, querem viver em seus mundinhos, o que é um direito de cada um, mas como esquecer que você vive em sociedade, que atitudes tomadas por outras pessoas irão afetar sua vida, dependendo do que os políticos de plantão decidirem, sua vida pode melhorar ou piorar, não dá pra ficar indiferente a isso, geralmente, quando tudo vai bem, não há motivos para pânico, mas, e quando as coisas vão mal, talvez não dê tempo de se arrepender e começar a participar ou se interessar pelo que se passa na vida pública.
  Me preocupa que cada vez mais uma minoria tenha um grande poder nas mãos, tanto econômico quanto político, e os demais permaneçam indiferentes a tal acontecimento, como se não fosse um problema, poucos decidem o rumo a ser tomado por muitos, interesses individuais prevalecem cada vez mais sobre a sociedade e considerável parcela das pessoas não parece intencionada a fazer alguma coisa para se contrapor.
  Espero que o interesse pela esfera política aumente, que não seja necessária uma crise ou outro tipo de grande problema para isso, que as pessoas discutam, reflitam, saiam às ruas e participem sempre que possível, um povo alienado é um povo enganado, facilmente manipulado e o melhor de tudo para quem se beneficia com isso, é uma população que não reclama e não percebe o jogo político.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Copa do Mundo em 2014

  Sinceramente, não gostei da notícia de que o Brasil vai sediar a copa de 2014, nem quando essa notícia era nova e nem agora, já passado algum tempo, não consigo ver graça neste fato.
  Na realidade, é uma preocupação saber que o nosso país irá sediar tal evento e que logo em seguida, 2016 para ser mais exato, o país receberá as olimpíadas. Os defensores de eventos deste porte falam em legado, na exposição que o Brasil terá e como isso favorece nossa economia, traz investimentos, gera empregos, obras de infraestrutura serão realizadas, entre outras vantagens.
  Mas então, significa que para fazermos alguma coisa precisamos de eventos de grande porte? Se não tivéssemos copa as estradas não seriam melhoradas, o transporte público não seria ampliado, obras para o benefício da população não sairiam do papel, será que nossas autoridades precisam de um estímulo a mais para fazerem o que deveriam fazer sempre?
  Para início de conversa, sou contra a copa no Brasil por conta de toda obscuridade que cerca a eleição de um país a sede do evento, FIFA e CBF não são conhecidas por terem honestidade em seus negócios, e no fim, a copa é só um negócio, muito dinheiro rolou embaixo da mesa para termos uma decisão.
  Havia a promessa de que o governo não investiria em estádios, apenas na estrutura necessária para as cidades, mas o que vemos não é isso, a maioria do dinheiro para a realização da copa vem do governo, ou seja, do nosso bolso para empresas privadas, ou quando o investimento é num estádio público, vemos que se tornará um elefante branco, depois do mundial não haverá utilidade alguma para estádios em Manaus ou no Mato Grosso, quer dizer que estes locais não merecem investimentos? Não, quer dizer que as obras deviam atender necessidades reais e não esbanjar onde não há necessidade.
  Penso que todo este dinheiro gasto poderia ser melhor aplicado em outras áreas, vamos construir arenas que servirão depois para jogos e algumas para eventos, enquanto isso tem gente sem hospital, sem escola, sem saneamento básico, sem estrada, sem transporte público e por incrível que pareça, em pleno século 21, sem energia elétrica, sem contar outras coisas e as que já existem em situação precária. Sei que a copa trará algum retorno ao país, mas realmente prefiro gastar o dinheiro que temos com coisas mais urgentes, poderíamos ampliar e criar uma série de coisas para o país e que trariam benefícios mais proveitosos, cada um pode apontar algo a melhorar, basta olhar a sua cidade ou região.
  No fim, quem realmente sai ganhando com a copa é o pessoal que vai lucrar com ela, o pessoal da CBF, o pessoal da FIFA e as empresas parceiras, sem contar toda festa que acontece com o dinheiro público entre políticos e outros parceiros de licitação, uma balde de X valor no mercado costuma custar 3X para o governo.
  Enquanto muita coisa ruim acontece nos bastidores, a imprensa fala só da beleza da festa, em como é legal receber um evento desta magnitude e toda baboseira costumeira dos puxa sacos de plantão, o pior é que o povo cai nessa direitinho, para acharmos informação diferente e crítica temos que fuçar muito por aí.
  Não quero ser chato, mas copa não é só festa, assim como qualquer evento, envolve muito interesse e dinheiro. Temos que ficar alertas, pois a conta pode vir mais tarde, lá adiante quando ninguém espera mais por ela.

domingo, 9 de outubro de 2011

O problema não é Deus

  O problema não é Deus, ele não é culpado pelas mortes em seu nome, ele não pega em armas, não faz discursos que inflamam as massas, não ofende ninguém, enfim, ele não faz nada, mas o seu chamado invoca grandes causas, legitima as mais terríveis ações humanas, ajuda a criar preconceito, intolerância e outras mediocridades.
  Pensando em tudo que se passa na sociedade que envolve religião, e não é pouca coisa, visto que influencia a conduta de muitos, Deus acaba servindo como ideologia, ajuda a criar legitimidade para um alarmante número de barbaridades, assim como advogados encontram brechas nas leis e na interpretação possível para elas, os homens acabam interpretando as palavras sagradas como bem entendem, a religião permite aflorar a imaginação segundo qualquer interesse, de certa forma, acaba abrindo espaço para um relativismo de tudo, digamos que quando se trata de religião, a regra não é clara.
  Não vejo problema na fé em algo superior, sei o quanto é reconfortante tal pensamento, o quanto dá força às pessoas para continuarem suas vidas, reconheço a auxílio importante da fé para muitos. O que me incomoda é o uso indiscriminado da religião, que atrapalha a vida de tantos outros, as igrejas acabam contribuindo para gerar outros problemas, principalmente os de intolerância que se ligam a interesses econômicos e de classes.
  Como já mencionei, não vejo o problema em Deus ou na fé, mas sim nas igrejas e o uso que certas pessoas fazem delas, a deturpação que ocorre é grande. Líderes, que possuem a legitimidade da interpretação, podem fazer qualquer coisa com tamanho poder, conduzir povos a guerras, levar pessoas a atitudes de preconceito e perseguição, a história das igrejas se encontra com a história das guerras, da violência e da morte.
  Mas nem tudo nas igrejas é ruim, me agrada o espírito coletivo que é formado, a sensação de pertencimento a uma comunidade, a cooperação que isso gera entre os seres humanos me encanta, a esperança e recuperação que traz a muitos são outros aspectos positivos.
  Enfim, o problema não é Deus, mas o fim a que ele serve, aos interesses e utilidades que se ligam aos deuses das mais diferentes crenças e tempos, o problema vem do uso que os homens fazem da fé e do nome de seus deuses.
  

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Semana de sociais 2011


  A palavra desinteresse reflete bem o que ocorreu nesta terça-feira, principalmente. Não havia presença para a.c., então, muitos preferiram ficar em casa assistindo novela ou fazendo qualquer outra coisa da vida, menos, evidentemente, vir para o debate tentar construir um curso melhor, isso por parte dos alunos, quanto aos professores, bom, é melhor nem comentar, senão falarei barbaridades.
   Desinteresse dos próprios estudantes do curso, que sentem os problemas todos os dias, é um sério problema, mas não é algo novo, visto as reuniões e o envolvimento de todos no C.A., ficar reclamando para as paredes não resolve nada, ser irônico nos comentários para o colega do lado também não resolve nada, temos de nos mexer, como disse ontem: criarmos vergonha na cara e incomodarmos o departamento.
   Vimos ontem, claramente, com toda sinceridade e deboche, que por parte dos professores não há intensão de mudança, pra que dar aula? orientar? ajudar os alunos? mini curso? vocês estão loucos meus caros?
   Não sei se vamos, mas com certeza temos de nos movimentar e parar de ficar falando ao vento, caso contrário, tudo continuará como está e a tendência é piorar.

Nota: retirada do meu facebook também.

Liberdade?


somos livres para...

vendermos força de trabalho
sermos explorados
dar lucro ao partrão
muitos passarem fome
muitos viverem na miséria
que muitos utilizem transporte público lotado

comprar força de trabalho barata
explorar o mais próximo possível
que poucos tenham acesso a muito
poucos se alimentarem corretamente
que poucos tenham carro importado

eis nossa gloriosa liberdade, da qual não abro mão

Nota: postada no facebook também um mês atrás.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Ocupação da reitoria

Texto escrito no dia 3 de setembro, logo após a desocupação da reitoria da UEM, pois o movimento teve sua pauta de reivindicações aceita pela reitoria e o governo do estado do Paraná.


Nunca tive uma experiência destas. Algo fantástico, vendo a democracia fucionar de verdade, com espaço para diálogos e todos decidindo seus rumos, não era uma minoria que tomava as decisões por todos.
 Nem tudo foi perfeito, acho que nem teria como ser, peequenos desentendimentos em algumas questões, mas no geral tudo foi bem, algumas polêmicas que não conseguiram abalar o grupo, nos últimos dias o cansaço também se manifestava na irritabilidade de algumas pessoas, mas nada desastroso.
 Fica a lição, temos de nos movimentar, ficar parado só ajuda os "maus" a levarem o sistema conforme seus interesses, no início desacreditados por muitos, inclusive professores que falam besteiras sobre "metidos a revolucionários que não estudam primeiro", mas eu diria que a necessidade se sobrepôs ao conhecimento e a luta chamou a todos, não havia cerveja na pauta de reivindicações do movimento, ou será que havia e eu não vi? Alguém viu esse item na pauta? O desejo era por uma educação melhor, acabar com as precariedades que se arrastam por muito tempo na UEM que é A MELHOR DO PARANÁ.
 Tem de ser feito o agradecimento a todos que partciciparam, é claro, mas um agradecimento especial ao pessoal do DCE que foi importantíssimo na organização e mobilização de todos, uma chapa que não se preoucupa só em fazer festa, mas que é combativa e realmente está disposta a defender os interesses estudantis.
 O sentimento durante estes 7 ou 8 dias foi inexplicável, uma emoção que tomava conta a cada avanço e a cada assembléia lotada, vimos que ainda há esperança para nós, não me alongarei aqui, pois como já disse é inexplicável, só quem estava lá sabe o que é, algo para sentir e não para falar, uma imensa felicidade que não sabia mais sentir.
 A experiência política foi única, valeu por muitas aulas e discussões, "envelheci dez anos ou mais neste último mês", diversas coisas ficarão pra sempre com um conhecimento prático e não só teórico, que é restrito à academia. Jamais esquecerei e a saudade por esse momento será constante.
 Culturalmente também foi sensacional, conversas com pessoas totalmente diferentes, brincadeiras, oficinas culturais e até um mini curso no meio de tudo, professores dando aula no meio da ocupação, incrível.
 Encerro por aqui, antes de ficar chato e repetitivo, talvez tenha esquecido de alguma coisa, mas o principal está aí resumido, fica a excitação, a felicidade, as lembranças, a emoção e a esperança que não pare por aí, que jovens e velhos continuem se movimentado, enfim, MOVIMENTE-SE POPULAÇÃO!!!!!!!!!! 

sábado, 1 de outubro de 2011

Inocência acadêmica

   No ano de 2009 prestei meu primeiro vestibular, fui aprovado e em 2010 ingressei no curso de ciências sociais da UEM. Não fazia muita ideia ou não pensei a respeito do que encontraria na universidade, mas possuía algumas expectativas, esperava um curso bem estruturado fisicamente, com bons professores para ensinar, alunos interessados em estudar e minimamente preocupados com a sociedade, entre outras coisas.
  Bom, não foi isso que encontrei no curso, muitos nem sabiam ao certo o que era ciências sociais para começar ou adentraram para o curso como segunda opção, boa parte demonstra pouco interesse até pelo nosso centro acadêmico que é uma alternativa política interessante para representar os alunos. Quanto aos professores, a decepção foi grande com muitos, vemos sua preocupação com o Lattes, com seus projetos pessoais e até um grande descaso com a graduação, parece que dar aula é um grande fardo a muitos.
  Descobri na universidade uma corrida política desenfreada, que envolve interesses particulares e de grupos, um mundo de sujeiras e intrigas, disputas mesquinhas que acabam por colocar a coletividade e a qualidade do curso em segundo plano, alguns tentam tornar seus objetivos como se fosse o de todos, enxerga-se a política no seu lado mais negativo possível. 
 Criam-se rachas entre todos, muitos pensando apenas em si e o que lhes interessa, usam de artimanhas para fazerem jogos políticos e criarem um mal estar entre todos, incluindo professores e alunos, todos ficam com "frescuras" e o diálogo importante que ajuda a construir um curso melhor fica difícil, nisso tudo, entra o orgulho de cada um, cria-se uma intransigência que prejudica a todos.
  Existe mais podridão por baixo deste tapete, com certeza verei mais barbaridades e disputas no campo acadêmico, lugar com pessoas "cultas" e que acabam gerando problemas idiotas, ideologias se chocam da pior maneira possível, num sentido negativo. Vendo tudo isso, aos poucos vou perdendo minha ingenuidade acadêmica, descobrindo o que está por trás das cortinas e não é aparente numa primeira observação, o que me decepciona bastante, mas sei também que existem pessoas boas na universidade e que tentam mudar este panorama, que tentam criar resistência ao sistema como está e é nestes que me espelho para continuar nesta selva de animais selvagens, aos poucos, aprendo onde pisar e a conhecer o terreno.  

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Imprensa de Maringá

 Quando cheguei em Maringá, algo me chamou a atenção, foi a mídia local, realmente fiquei espantado quando assisti televisão aqui. Nem tanto pelo conteúdo que fiquei surpreso, como outros noticiários, os de Maringá adoram mostrar acidentes, desgraças alheias fora de contexto, expressam uma visão de direita, colocam a culpa só no indivíduo, exigem polícia para solucionar o problema da violência e por aí vai.
 A peculiaridade está no modo como o jornalismo local é feito, os apresentadores mais parecem humoristas com um péssimo humor, diga-se de passagem, debocham de situações ocorridas, alguns se jogam no chão, até parecem atores de qualidade duvidosa, repassam informações sem um mínimo de certeza, já vi cenas em que os apresentadores discordam ao vivo quanto a datas e locais de atividades de interesse público e deixam para confirmar no dia seguinte a informação, ou seja, são grandes amadores fazendo jornalismo.
 Isso sem contar o preconceito, reafirmam coisas descabidas, fazem falas difamando mulheres, geralmente as sogras, não fazem questão nenhuma de disfarçar seu caráter reacionário e adoram um sensacionalismo ao extremo, com apresentadores que inflamam os sentimentos do público com frases feitas, que no fim não dizem muita coisa.
 Aqui, literalmente, a propaganda é a alma do negócio, os programas mais parecem um comercial com breves momentos informativos, é o jornalismo dentro da propaganda e não a propaganda no jornalismo, é algo bastante irritante.
 Enfim, não é nem um pouco confiável a imprensa local, na verdade, eu me divirto muito assistindo, é melhor que filme de comédia tamanha falta de bom senso da imprensa local, é o tipo de coisa que vi só por aqui, acredito que não são os únicos no Brasil, mas Maringá fica marcada por isso em minha mente, tenho de rir para não chorar, mas, quem sabe um dia isso melhore, vamos manter as esperanças.   

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Começa a saga

 Faz tempo que penso em escrever algo público, para refletir sobre as mais diversas coisas e poder interagir. A partir de hoje escreverei qui, não sei com que frequência, mas pretendo ser regular.
 Escreverei sobre os mais diversos temas, não tenho um tema preferido, mas, provavelmente falarei muito sobre o que mais me interessa na área de ciências sociais ou me chama atenção no momento.
 A primeira postagem será essa, apenas uma introdução.
 Até a próxima.