segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O que é ser adulto?

   Após mais um fim de semana catastrófico me pego sentado numa calçada, bebendo água, no meio da tarde conversando com um amigo e pensando na vida. Dentre esses questionamentos eu me perguntei o que é ser adulto? Algo que eu não sinto, embora seja visto socialmente como um e cobrado por ter comportamentos esperados para tal condição.
  Bom, podemos considerar um aspecto de idade, ser maior de dezoito anos, por exemplo; talvez uma questão psicológica, como alguém maduro, consciente e capaz de certas responsabilidades da vida; pode ser um critério biológico de uma etapa de desenvolvimento da vida; pode ser um aspecto social como a possibilidade de fazer coisas proibidas a outros sujeitos, tais como casar, trabalhar, morar sozinho.
  Seja qual for a visão adotada, não consigo me associar a nenhuma. Estudo, tenho emprego, pago minhas contas, consigo discernir o certo do errado, cumpro com minhas obrigações (e é raro alguém que possa dizer que descumpri um acordo ou a palavra empenhada), desde criança sempre tive comportamentos considerados bastante responsáveis, mas enfim, nada me traz uma identificação com o mundo adulto. Nesse caso, o que fazer quando a expectativa social não corresponde à minha identidade? Eu só consigo me sentir deslocado.
  No que dependesse de mim, só leria e correria, nada mais que isso, sem nenhuma outra responsabilidade, até porque todo o resto que faço não vejo muito sentido, fico me perguntando para quê o desgaste? Talvez seja o que uma amiga me falou: -"você não odeia a sua vida, você odeia o capitalismo". Mas não sei, meu desconforto existencial me acompanha desde a infância, desde sempre, desde que tenho memória.
  Não encontro respostas satisfatórias para tais questões, acho que estou distante de resolver meus conflitos identitários, nesse caminho só alimento ansiedades e vícios para esquecer dos dilemas, num caminho que pode ser bastante perigoso, que me levou para mais uma calçada e preocupou pessoas queridas. Em síntese, como diria a música da banda Vespas Mandarinas, "eu não sei o que fazer comigo".
 

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